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Dia do Pai. E quando não há pai?

  • VeraCorreia
  • 18 de mar. de 2021
  • 3 min de leitura

Hoje é Dia do Pai. Na escola, os filhos prepararam nos últimos dias um presente para oferecer ao pai. A estes pais e filhos, espero que desfrutem de todo o tempo que puderem passar juntos, porque esta não é a verdade de todas as famílias.


Há crianças que não têm pai.

Alguns não estão juntos porque um deles já morreu.

Outros não estão juntos porque o pai se afastou e, possivelmente, têm mães que tentam compensar os sentimentos de abandono sentidos por estas crianças.

Tantos outros não estão juntos porque são impedidos, por exemplo, por situações de conflito parental.

Há ainda as crianças que não têm pai. Que têm duas mães. Ou avós. Ou outros familiares. Ou que vivem em acolhimento.


Já pararam para pensar como se sentem estas crianças que passam horas a fazer um presente para alguém que não existe e que ainda têm de se sujeitar às perguntas inocentes das outras crianças: “Onde está o teu pai?’’. Para muitas destas crianças hoje é um dia angustiante em que se sentem diferentes dos outros. O mesmo acontece com alguns pais, privados do convívio com os filhos.

Para colmatar a tristeza destas crianças, proponho um conjunto de soluções mais ou menos radicais. Cada família deverá escolher aquela com que mais se identificar.


Os educadores podem incitar a criança a celebrar este dia com alguém de quem gostem muito, sejam outros familiares ou amigos. Que façam para essa pessoa o tal desenho no Jardim de Infância ou a carta que todos escrevem na primeira aula da manhã. Comemorem este dia de forma mais positiva, junto das pessoas de quem gostam, para que este momento seja um bocadinho menos triste.

Já os pais, privados do contacto com os filhos, podem escrever-lhes cartas e guardar num lugar seguro. Não só hoje, mas sempre que forem assoberbados pelas saudades e sentirem essa necessidade. Ter a esperança de que um dia os filhos tenham acesso a estas cartas e possam sentir, apesar da distância física, que os pais estavam próximos de si. Sentirem que permaneceram na memória dos pais é reconfortante e apaziguador para estas crianças.

No polo oposto, estão as famílias que não pretendem sujeitar as crianças a comemorar algo que não lhes faz sentido. Há muitas escolas que optam apenas por comemorar o Dia da Família, onde podem estar presentes quem elas quiserem ou quem delas cuide.

Isto faz ainda mais sentido quando as famílias tradicionais – pai, mãe, criança – são cada vez menos comuns. A forma mais eficaz de ter crianças que se sintam protegidas é ter um contexto mais protetor, com leis mais igualitárias. Comemorando apenas o Dia da Família não estamos a excluir ninguém.


Por último, o meio termo. Uma solução que já é utilizada em alguns países e que passa apenas por mudar o nome de Dia do Pai ou de Dia da Mãe para Dia da Pessoa Especial. Desta forma, as crianças que não têm referência da mãe ou do pai não se sentem excluídas. A mudança da linguagem pode ajudar a criar um sentimento de pertença, que de outra forma não existe, dando ênfase ao vínculo que faz mais sentido para cada criança.


Com ou sem celebração, o mais importante é explicar à criança o motivo da ausência do pai: sempre com verdade, honestidade e com uma linguagem e conteúdo adequados à sua faixa etária. As crianças têm a capacidade de lidar com situações muito negativas, como a morte. Não existem fórmulas mágicas. Evitar falar sobre o assunto pode provocar uma perda de confiança no adulto e sentimentos de exclusão da família. O mais relevante é a partilha de afetos. Sempre com verdade.


Celebrem com amor. Independentemente do dia.


 
 
 

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